A estrada pertence ao homem que a ilumina
e busca dar certeza
aos passos que exercita afoito.
É também da mulher que aguarda dar à luz,
suor brotando meio ao sangue,
o seio pesado e entumescido
premiando a vitória do parir.
Cordões rompidos preservam resquícios,
rastros de passado na terra úmida;
frutos cobiçados, maturação alcançada,
choro irrompendo uma membrana fina.
Ainda que os mortos-vivos se levantem,
e cantem pela manhã os pássaros indiferentes,
o mundo é dos obstinados que se entregam,
e pensam que carregam o necessário dentro de si.
A chegada, porém, pertence ao homem corajoso,
aquele que despreza o tempo no afago à sua amada;
à mãe que sorri, indolente, noite enluarada,
e conta sempre ao filho coisas engraçadas.
Não precisa dormir, nem dar à luz, nem nada,
tampouco encenar uma vida agitada.
O final da rota é apenas o início,
um útero macio que comporta, aquecido,
a calma experiência de um viver fugaz.
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2 comentários:
Amei tudo o que li. De sua autoria e dos escolhidos por vc. maravilha!!! Voltarei aqui. esse poema Aprendiz é de sua autoria? Fiquei sem saber. Tocou a minha alma o seu blog. estava precisando dessa chuva de poesia e...borboletas! abraço.
Meu e-mail: ritacontreiras2yahoo.com.br
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