Bocage


Nariz, nariz, e nariz,

Nariz, nariz, e nariz, Nariz, que nunca se acaba; Nariz, que se ele desaba, Fará o mundo infeliz; Nariz, que Newton não quis Descrever-lhe a diagonal; Nariz de massa infernal, Que, se o cálculo não erra, Posto entre o Sol e a Terra, Faria eclipse total!

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Um procurador de causas


Um procurador de causas
Tinha na destra de harpia
Nojenta, incurável chaga,
Que até ossos lhe roía.

Exclama um taful ao vê-lo:
"Que pena de Talião!
Quem com a mão roeu tanto
Ficou roído na mão".

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Sobre estas duras



Sobre estas duras, cavernosas fragas,

Que o marinho furor vai carcomendo,

Me estão negras paixões n'alma fervendo

Como fervem no pego as crespas vagas.



Razão feroz, o coração me indagas,

De meus erros e sombra esclarecendo,

E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo

De agudas ânsias venenosas chagas.



Cego a meus males, surdo a teu reclamo,

Mil objectos de horror co'a ideia eu corro,

Solto gemidos, lágrimas derramo.



Razão, de que me serve o teu socorro?

Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;

Dizes-me que sossegue: eu peno, eu morro.





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