Abilio Terra Júnior

A palavra


soa
como um rio
um murmúrio


um tom acima


um crepitar
de lamas
um desvelo


um farfalhar
de escovas


sons guturais
de um cego que
enxerga o fim


mãos
que se apertam
acolhem a benção


se cruzam
no escuro
gritam no gozo


cismas de velhos
crianças calam
massas ululam


a língua úmida
o dente tenso
cordas canoras

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Ainda não


não
ainda não
no curso
minúsculo


tombam
as sardas
pingentes


em uma escala
gotícula


ósculos
nobres


corrimentos
lácteos


salvam-se
então
no primeiro
ano


fibrilas
pulsáteis


fluídos
orgânicos

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